Séries infantis focam na cultura brasileira para atrair público

Por Karen Acioly

“Mytikah”: Série trata de um livro mágico de figuras heroicas do Brasil como Machado de Assis e Chiquinha Gonzaga

Amazonita é uma pequena índia que quer conhecer a fundo a sua Amazônia. Ela recebe como talismã a pedra de propriedades mágicas que lhe empresta o nome, e que é sagrada em tribos da região. Munida de sua pedra amazonita, a indiazinha pode se transformar em animais e entender os mistérios da floresta.

O enredo da nova série infantil da produtora Giros, dos diretores Belisário Franca e Bianca Lenti, para o canal Zoomo, reflete a riqueza da atual produção audiovisual brasileira para novos públicos, mesmo num cenário de crise para o setor da cultura e da inglória concorrência com os blockbusters estrangeiros. O momento é de afirmação — inédita — da identidade nacional, dizem os realizadores, e também de reconhecer conquistas e avançar.

Frutos de investimentos continuados na formação audiovisual, séries 100% feitas no Brasil e com temáticas enraizadas na nossa cultura vêm se firmando pela potência criativa e estratégica para a expansão do mercado interno e externo. Triunfam ao elevar audiências e garantir longevidade às programações; de quebra, exportam nossa cultura e abocanham prêmios internacionais. E ainda fazem surgir heróis genuinamente brasileiros, o que não se via no século passado.

O cardápio da Mostra do Cinema Infantil de Florianópolis, que abre sua 18ª edição no dia 29 de junho, tem entre as onze séries selecionadas “Mytikah”, sobre um livro mágico de figuras heroicas do naipe de Machado de Assis e Chiquinha Gonzaga.

A curadora e diretora Luiza Lins conta que nem sempre o ambiente foi fértil assim:

— No início da história da mostra, faltava programação nacional. Queríamos que as crianças se vissem nas telas — ela relembra.

No Gloob, juntam-se aos grandes sucessos “Detetives do Prédio Azul” (em sua 12ª temporada, agora com novidades interativas) e “Escola de gênios”, as novatas “Giga Blaster”, centrada num rinoceronte cantor de karaokê (estreia em junho), e “Bugados”, com personagens egressos de um videogame soltos no mundo real (prevista para outubro).

Beth Carmona, diretora da Singular e da Mostra COMKIDS, desenvolve adaptações de livros de autores nacionais, e também “Quintais”, um chamado à aventura por rios, cidades e florestas espalhadas pelo Brasil. Andrés Lieban, diretor de criação do estúdio 2DLAB, do popular “Meu amigãozão”, lembra que a boa performance das animações brasileiras aumenta a confiança dos investidores.

— O êxito das séries brasileiras no mercado latino e internacional permitiu uma fértil e meteórica ascensão de nossa produção, o que gera fontes de receita em licenciamento de produtos, games, livros, gibis… — diz Lieban, em breve nas telas com “O hotel silvestre de Ana Flor” e “Conta comigo”. — Quando há investimento, há crescimento. Como valorizar e garantir a perenidade da produção para os novos públicos? A resposta ainda não está nas telas.

Fonte: Extra [Portal Globo.com] – Por Karen Acioly – 05/05/2019.

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