O sentimento do consumidor está mudando com a pandemia

A Covid-19 ainda está circulando entre nós, mas o otimismo também se manteve estável em todo o mundo, com algumas oscilações conforme as semanas avançam, já que os consumidores acreditam que suas rotinas e finanças sofrerão impacto.

O consumidor segue otimista em todo o mundo. Crédito: Pixabay

Segundo uma pesquisa feita pela empresa de consultoria empresarial americana McKinsey & Company, o consumo de alimentos, lanches, cuidados pessoais, cuidados com a pele, produtos para bebês não alimentícios, fitness e bem-estar e gasolina estão aumentando nas regiões que estão saindo da crise.

Para contornar as restrições recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, os consumidores adotaram soluções digitais como videoconferência e delivery para a entrega de medicamentos e demais produtos. Cerca de 40 a 60% dos pesquisados disseram que pretendem continuar a usar esses serviços como o novo “normal”.

Otimismo

O otimismo, segundo a pesquisa, mais ou menos estável em todo o mundo, à medida que as regiões começam a reabrir. Os consumidores europeus foram os menos otimistas em relação às perspectivas de recuperação econômica do país. Na Alemanha, o otimismo caiu no fim de março. Na Espanha e Itália, aumentou.

Em países asiáticos, o otimismo se manteve estável, como na China e Índia, e foi o mais consistente em comparação ao resto do mundo. Na Coreia e Japão os níveis foram baixos e nos Estados Unidos, em meados de março, continuou caindo e agora está seis pontos percentuais abaixo de seu nível em meados de abril, apesar da reabertura de algumas partes do país.

Expectativas de duração do impacto

Conforme a pandemia continua, os consumidores acreditam que o impacto em suas rotinas e finanças será cada vez maior. Mais de 90% espera que suas rotinas serão afetadas por mais de dois meses.

Nos países europeus, assim como no Japão, mais de 70% dos acredita que o impacto durará quatro meses ou mais. Por outro lado, no Brasil, Índia e China, têm expectativa um pouco menor de impacto prolongado.

Alguns consumidores esperam que suas finanças se recuperem mais rapidamente, principalmente na Alemanha, onde cerca de 45% esperam que a recuperação financeira leve menos de dois meses.

Impacto do consumidor 

Os consumidores em todo o mundo continuam experimentando uma diminuição na renda, que varia de país a país. A renda dos consumidores tem sido mais estável no Japão e na Alemanha, com cerca de 30% sofrendo uma queda na renda

No Brasil, África do Sul e Índia, 70% sofreram queda. Mesmo na China, onde os consumidores estão começando a voltar ao trabalho, 57% dos consumidores experimentaram uma diminuição na renda nas últimas duas semanas.

Intenção de gasto

Os países que estão com níveis mais altos de otimismo, incluindo Indonésia, Nigéria, China e Arábia Saudita, mostram um aumento líquido nos gastos futuros esperados.

Países da América do Sul, Central e Europa têm um otimismo ligeiramente menor, mas ainda têm mais consumidores que esperam aumentar os gastos. A maioria dos países restantes tem pouco otimismo e esperam diminuir os gastos, como o Canadá e o México.

Emirados Árabes Unidos, Índia e Peru, contudo, estão mais otimistas, mas ainda têm um pouco mais de consumidores que pretendem diminuir os gastos do que aumentar os gastos.

Gastos por categoria

A intenção de gastar mais com itens essenciais continua, assim como os gastos aumentam em outras categorias conforme os países diminuem as restrições.

Em todos os países, a intenção de gastar mais em compras e entretenimento doméstico permanece alta porque eles ainda pretendem ficar mais em casa, e também gastar com itens de cuidados pessoais.

Lanches, entrega de alimentos e produtos infantis não alimentares também estão inclusos nos novos gastos. Na China, à medida que os consumidores voltam ao trabalho, o gasto com gasolina também aumentou.

Compras on-line

Os consumidores asiáticos e americanos pretendem aumentar suas compras on-line na maioria das categorias em um futuro próximo.

Estados Unidos, Brasil, Índia, Japão, Coréia e China demonstram uma intenção positiva de aumentar a frequência de compras on-line em várias categorias nas próximas duas semanas, principalmente de produtos de entretenimento, pensando na estadia em casa, assim como mantimentos, suprimentos domésticos, cuidados pessoais e não-alimentares, produtos infantis e livros/revistas/jornais.

A intenção de comprar mantimentos on-line é notavelmente alta na Índia, Coréia e China, especialmente devido às condições de abertura mais favoráveis ​​na Coréia e na China.

Como o tempo é gasto

Os consumidores de países que ainda estão sob restrições de ficar em casa planejam gastar mais tempo em atividades domésticas, enquanto os consumidores chineses estão mudando seu tempo para atividades de lazer e para o trabalho.

A maioria dos consumidores em regiões geográficas restritas ao redor do mundo esperam gastar menos tempo trabalhando e consumindo mais entretenimento, incluindo conteúdo digital e de vídeo, notícias e mídias sociais.

Os consumidores esperam gastar mais tempo em tarefas domésticas, incluindo cozinhar e melhorar a casa. Uma exceção notável é a China: os consumidores estão gastando cada vez mais tempo trabalhando, meditando, aprendendo e se exercitando e consumindo menos mídia e entretenimento.

Adoção e crescimento de atividades

A adoção de atividades digitais continua à medida que os consumidores utilizam soluções alternativas enquanto estão confinadas. Os consumidores adotaram novas maneiras de aprender, trabalhar, se divertir, adquirir itens essenciais e não essenciais, conectar-se com outras pessoas e aumentar o bem-estar enquanto estão em casa.

O uso de streaming on-line e bate-papos em vídeo aumentou rapidamente na maioria dos países. O condicionamento físico on-line, incluindo o uso de aplicativos de bem-estar, cresceu em quase todos os países, atraindo novos usuários em todo o Brasil, Espanha e Itália.

Os consumidores também expandiram o uso de opções de compra de alimentos e mercadorias. Delivery de restaurantes e lojas continuou a atrair novos usuários nos Estados unidos, África do Sul, Europa e Coréia. As compras on-line para retirada na loja cresceram na África do Sul e na Europa.

Os consumidores em todo o mundo substituíram alguns dos aspectos pessoais de seu trabalho e assistência médica por soluções digitais. A videoconferência para o trabalho atraiu novos usuários no Brasil, Europa e Ásia. Da mesma forma, a telemedicina para a saúde física e mental cresceu em todos os países, impulsionada por novos usuários adotando a tecnologia.

Perspectivas futuras

Olhando para o próximo “normal”, os consumidores hesitam em retomar as atividades pessoalmente. Eles devem continuar usufruindo de soluções digitais e tendo pouco contato físico.

Em todos os países, a intenção de visitar shoppings é baixa, e somente na Alemanha e no Japão mais consumidores esperam aumentar as compras nas lojas em comparação com antes da pandemia.

Nos Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Itália e Japão, as pessoas pretendem fazer mais compras pessoalmente, enquanto na França, Reino Unido e Índia devem fazer menos. Em todos os países, exceto Alemanha e França, os consumidores planejam reduzir suas viagens.

Atividades ao ar livre e fitness, aprendizado remoto focando no próprio bem-estar e entretenimento digital exibem uma intenção relativamente forte de continuar. Embora a telemedicina tenha visto um forte crescimento nos países, a intenção de continuar é menor.

Brasil

No Brasil, segundo a pesquisa, com dados coletados entre 23 e 26 de abril, a maioria dos consumidores está preocupada com a saúde pública geral, a saúde e a segurança de suas famílias e seus empregos. Menos de um quarto dos brasileiros está otimista com a recuperação econômica do país após a crise.

A maioria está enfrentando um declínio na renda e na economia e, consequentemente, está reduzindo seus gastos em todas as categorias, com exceção do entretenimento doméstico e dos produtos de uso doméstico. Na visão dos brasileiros, o impacto pessoal e financeiro deve durar pelo menos quatro meses.

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